sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Seis & meia dúzia

O Brasil deve trilhar, nas próximas décadas, o caminho do neoliberalismo ou do capitalismo de Estado?
Tanto faz.
Será?
Vejamos.
Neoliberais e capitalistas de Estado se detestam, certo?
E se detestam precisamente porque são ideologicamente incompatíveis, certo?
Neoliberais são obcecados com controle de preços, certo?
Enquanto capitalistas de Estado são obcecados com expansão da demanda agregada, certo?
Mas nossos neoliberais parecem ter aprendido a não ser tão negligentes com a expansão da demanda. Depois que governaram oito anos comprimindo o crédito e a renda, em nome do combate à inflação, colheram o desprezo de boa parte do eleitorado, que os considera elitistas e socialmente insensíveis.
Hoje, os neoliberais estão na berlinda e, caso os eleitores decidam lhes dar uma nova chance, é bom que demonstrem ter realmente aprendido a lição de que não se pode severamente achatar o mercado interno impunemente. Ou seja, se seguirem à risca os passos de FHC, serão postos na berlinda mais uma vez.
Por sua vez, nossos capitalistas de Estado parecem ter aprendido a não ser tão negligentes com o combate à inflação. Depois que passaram oito anos na oposição jogando pedra no plano Real, em nome da expansão do crédito e da renda, colheram o desprezo de boa parte do eleitorado, que os considerava (e muitos ainda os consideram) populistas e irresponsáveis, do ponto de vista monetário e fiscal.
Hoje, os capitalistas de Estado estão sob constante vigilância da mídia e de setores tecnicamente mais qualificados da classe média e, se quiserem continuar no governo, é bom que demonstrem ter realmente aprendido a lição de que não se pode deixar a inflação correr solta. Ou seja, se seguirem nesse tocante os passos de Lula, que fortaleceu o mercado interno sem descuidar do combate à inflação, terão grandes chances de prosseguir à frente do governo.
Assim, embora esbravejem loucamente uns contras os outros, neoliberais e capitalistas de Estado se tornaram, no Brasil, muito mais semelhantes do que discrepantes.
Se, do ponto de vista da política econômica, as diferenças entre as duas principais forças políticas do Brasil se tornaram menos importantes, o que pode fazer a diferença na política brasileira?
Bom, isso é assunto para outra crônica, outro dia.


2 comentários:

  1. Moral da história: voltamos (ou será que nunca deixamos) à era do "nada mais parecido com um saquarema do que um luzia no poder"..
    Bom ter seus textos de volta! Abraços!!

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  2. quá quá quá... pois num é? obrigado Henrique, gd bç.

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