sábado, 22 de outubro de 2011

Os caras

Lula (ainda) é o cara.
Obama (ainda) não.
Lula chegou à Presidência como profeta de uma nova era e, durante a maior parte de seu primeiro mandato, decepcionou, ao optar por uma política econômica semelhante à de seus adversários.
Obama também chegou à Presidência como profeta de uma nova era e, também, durante a maior parte do seu primeiro mandato, decepcionou, ao tentar transformar seus adversários em parceiros na política econômica.
Lula, um ano antes da reeleição, lutava para restabelecer sua imagem, seriamente atingida pelo mensalão. Foi nesse processo que decidiu turbinar o Bolsa-Família.
Obama, um ano antes de sua tentativa de reeleição, tenta se restabelecer com uma mensagem básica: "Foram os republicanos que me impediram de reerguer a economia". Retoma algo da velha retórica messiânica, tenta falar ao coração dos mais pobres. Além disso, coleciona, na cena externa, alguns fatos que procura explorar como vitórias expressivas: as mortes de Bin Laden e Kadafi e o anúncio da retirada das tropas do Iraque.
Lula despertou a crítica, às vezes dura, de setores à esquerda.
Obama também.
Lula teve como adversário, em 2006, um "picolé de chuchu".
Obama também terá seu próprio "picolé de chuchu", caso Mitt Romney seja mesmo o candidato republicano.
Lula se beneficiou de uma economia que, depois de um 2005 ruim, apresentava em 2006 sinais fortes de recuperação.
Obama torce para que os tímidos resultados positivos do último mês se confirmem e, se possível, fiquem ainda melhores, daqui até o dia da eleição.
Lula tinha uma oposição ridícula e difundiu a ideia de que o Brasil não tinha alternativa.
A oposição a Obama não é tão ridícula, mas também, convenhamos, não é tão séria assim, e Obama vai, igualmente, tentar convencer o eleitorado de que ele é, se não melhor, menos ruim do que qualquer candidato republicano.
No segundo mandato, Lula teve um bom desempenho econômico em 2007 e um ainda melhor em 2008, apesar da aterrissagem da crise no fim daquele ano; e, depois de um 2009 de estagnação, totalmente desculpável em função da crise mundial, 2010 foi marcado por uma recuperação espetacular.
Lula entrou como profeta e saiu profeta.
Se Obama se reeleger, talvez a economia dos Estados Unidos apresente, durante um eventual segundo mandato, uma recuperação mais vigorosa. Aí Obama também sairá como profeta e também será o cara.
É esperar.

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